[vc_row][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]A alta velocidade do progresso tecnológico é uma característica distintiva dos últimos anos. Este processo vem acompanhado pela disseminação de novas tecnologias digitais, o crescente papel dos dados e a democratização da internet. A conexão à internet tem permitido que a conectividade entre pessoas, empresas e organizações seja mais eficiente, promovendo a participação destes nas redes sociais e plataformas econômicas que caracterizam a era da Economia Digital.
A Economia Digital abriu espaço a um processo de transformação digital e de mudança na estrutura econômica. Associado a este processo, a adoção e difusão das Tecnologias da Informação e Telecomunicação (TIC’s) por parte das empresas vem afetando os investimentos, os processos de produção, a relação entre os fornecedores e seus consumidores, a infraestrutura e serviços digitais das cidades, as formas de comércio, a digitalização das instituições financeiras via API’s (Application Programming Interface), os modelos de negócios e as relações de trabalho.
Ao mesmo tempo em que as tecnologias e dispositivos digitais proporcionam facilidade na vida dos indivíduos e vantagens competitivas às empresas, criam incerteza, uma vez que alguns processos, competências e profissões ficam cada vez mais obsoletas. Ajustar-se, inovar e se reinventar diante do novo contexto da revolução tecnológica é um dos desafios impostos à sobrevivência empresarial. Tom Goodwin (2018) chamou este processo de “Darwinismo Digital” e Schumpeter de “destruição criadora”, em que, as únicas empresas que sobrevirão, serão aquelas que se adaptem mais rápido às tecnologias emergentes, às inovações e à digitalização.
Conceito e componentes da Economia Digital
A Economia Digital se caracteriza por incorporar a internet, as tecnologias e os dispositivos digitais nos processos de produção, na comercialização e na distribuição de bens e serviços. A economia digital está composta por uma ampla gama de “inputs digitais” que relacionam “habilidades digitais, hardware, software e equipamentos de comunicação (equipamentos digitais), e também bens e serviços digitais intermediários usados na produção” (ACCENTURE, 2016). As definições da economia digital, geralmente tendem a estar intimamente ligadas a três componentes (Figura 1): i) o setor digital, ii) o setor da economia digital, e iii) o setor da economia digitalizada (UNCTAD, 2019).
O setor digital, formado pelo segmento das TIC’s abrange as inovações fundamentais em dispositivos chaves (semicondutores, processadores), a criação e aprimoramento de tecnologias centrais (computadores, dispositivos de telecomunicações) e a expansão de infraestruturas habilitadoras (Internet e redes de telecomunicações). Por sua vez, o setor da economia digital inclui plataformas digitais, aplicativos móveis e serviços de pagamento. O último componente é a economia digitalizada, formada por segmentos em que os bens e serviços estão sendo cada vez mais utilizado nos modelos de negócios digitais (e-commerce) e nas novas organizações empresariais (startups) (UNCTAD, 2019).
Figura 1 – Principais componentes da Economia Digital
Fonte: UNCTAD (2019)
Elaboração: Findes/Ideies
Nota: Tradução própria.[/vc_column_text][/vc_column][vc_column width=”1/2″][vc_column_text]Caracterização da Economia Digital no Brasil
A economia digital vem tomando contornos cada vez mais abrangentes. Estudo da Oxford Economics (2017) aponta que em 2016 a economia digital do mundo representava 15,5% do PIB global, podendo chegar a 24,3% em 2025. No Brasil, a participação da economia digital nesse ano ficou em torno do 22%, com potencial crescimento para 2021 (MCTIC, 2018). Estes aspectos revelam a importância desta nova economia como driver do crescimento econômico.
Não é novidade que no centro das transformações digitais estão as TIC’s, já que fomentam inovações na indústria, nas ciências e na cultura. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, em 2018 as TIC representavam 7,0% da participação no PIB do país, gerando 1,52 milhão de postos de trabalho (Brasscom, 2019)[1].
Outro ponto associado à nova economia é o aparecimento de Startups e novos modelos de negócios como os modelos Software as a Service (SaaS), Marketplace, Hardware, Consumer, venda de dados, modelo de negócios em Application Programming Interface (API) e o e-commerce, entre outros. O surgimento destes elementos tem provocado o aparecimento de plataformas de intercâmbio comercial on-line, caracterizadas por serem descentralizadas e horizontais em redes digitais (CCOO, 2017).
O comercio eletrônico (e-commerce) por exemplo, tem assumido um papel cada vez mais central na economia. Em 2018, 58 milhões de consumidores fizeram pelo menos uma compra online, e o e-commerce registrou faturamento de R$ 53,2 bilhões e cresceu 12%, sendo uma das alavancas do crescimento. Em termos de e-commerce, o Brasil é considerado o mercado mais desenvolvido da América Latina. No entanto, ainda há grandes desafios para serem superados: como as questões logísticas, as diferenças culturais, os aspectos tributários e o comportamento do consumidor de cada região (Ebit | Nielsen, 2019).
Pelo lado da demanda, os consumidores se caracterizam cada vez mais por estarem conectados. No Brasil, já são 230 milhões de celulares inteligentes (smartphones) utilizados para diferentes tarefas, como a interação com bancos, compras, pagamentos e mídias sociais. De acordo com dados do Banco Central (2018)[2], as transações por smartphone e internet banking representam quase 70% do total, revelando um movimento em direção aos meios eletrônicos de pagamento.
Os efeitos da digitalização nas empresas e no comercio podem ter resultados tangíveis no crescimento econômico, devido a sua força disruptiva. A difusão de tecnologias digitais tem permitido otimizar recursos, inovar processos e produtos, e melhorar a tomada de decisões, pois tem sido uma força motriz para ganhos de escala, escopo e velocidade na onda digital (OCDE, 2019).
A tendência dos países desenvolvidos para acompanhar a digitalização de suas economias tem sido a implementação de políticas públicas e estratégias de caráter nacional de médio e de longo prazo. Nos Estados Unidos, as estratégias nacionais para a economia digital foram iniciadas em 1993, seguida por Japão (2001-2009), a União Europeia (2005), a Rússia (2014), a China (2015), entre outros (WACHOWICZ; CANUT, 2018, p. 134-135).
Nessa linha, para impulsionar a digitalização da economia, o governo federal regulamentou a economia digital “em uma agenda política de Estratégia nacional (…), institucionalizada em 2018, pelo decreto federal nº 9.319/2018, pelo qual também criou o Sistema Nacional para a Transformação Digital (SinDigital)[3].
Sendo a principal economia da América Latina e uma das maiores entre os países emergentes, o Brasil conta com enorme potencial na carreira tecnológica e digital. No entanto, uma vez que as mudanças digitais não são priorizadas, há desafios que precisam ser enfrentados, como a melhoria dos marcos regulatórios propícios, os gargalos da infraestrutura das cidades, o estabelecimento de políticas público-privadas que inclui a participação ativa dos agentes econômicos e sociais, e a falta de instrumentos adequados para a mensuração da economia digital nas atividades econômicas.
No entanto, o desenvolvimento da economia digital, mesmo com seus desafios, representa novas oportunidades para o ambiente de negócios e a possibilidade de que empresas locais se integrem a novos mercados internacionais por meio da oferta de novos bens e serviços para consumidores cada vez mais “digitalizados”[4].
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Referências bibliográficas
ACCENTURE. Digital disruption: The growth multiplier. Optimizing digital investments to realize higher productivity and growth, 2016. Disponível em <https://www.accenture.com/_acnmedia/pdf-14/accenture-strategy-digital-disruption-growth-multiplier-brazil.pdf>
Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom). Relatório Setorial Brasscom 2019, São Paulo, maio de 2019. Disponível em <https://brasscom.org.br/relatorio-setorial-de-tic-2019/>
CCOO. La Digitalización y la Industria 4.0: Impacto industrial y laboral. Secretaría de Estrategias Industriales/CCOO de Industria, Madrid, septiembre de 2017. Disponível em < https://industria.ccoo.es/4290fc51a3697f785ba14fce86528e10000060.pdf >
Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP). 30ª Pesquisa Anual FGVcia do Uso de TI, FGV-EAESP, 2019. Disponível em <https://eaesp.fgv.br/sites/eaesp.fgv.br/files/noticias2019fgvcia_2019.pdf>
Confederação Nacional da Indústria (CNI). Riscos e Oportunidades para as micro e pequenas empresas brasileiras diante de inovações disruptivas: uma visão a partir do Estudo Indústria 2027/ Confederação Nacional da Indústria, Serviço Social da Indústria, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. – Brasília: CNI, 2019. Disponível em<https://bucket-gw-cni-static-cms-si.s3.amazonaws.com/media/filer_public/1c/45/1c4559d3-4ee2-4977-963e-e8113950393b/id_232324_riscos_e_oportunidades_web.pdf>
Ebit | Nielsen. Relatório do 39º Webshoppers, 2019. Versão Free. Disponível em <https://www.ebit.com.br/webshoppers/webshoppersfree>
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Estratégia Brasileira para a Transformação Digital: E-Digital. Brasília, 2018. Disponível em <https://www.mctic.gov.br/mctic/export/sites/institucional/arquivos/ASCOM_PUBLICACOES/estrategia_digital.pdf>
OECD (2019), “Vectors of digital transformation”, OECD Digital Economy Papers, No. 273, OECD Publishing, Paris disponivel em <https://doi.org/10.1787/5ade2bba-en>
Oxford Economics. Digital Spillover: Measuring the true impact of the digital economy, 2017. Disponível em <http://www.huawei.com/minisite/gci/en/digital-spillover/files/gci_digital_spillover.pdf>
United Nations Conference on Trade and Development (UNCTAD). Digital Economy Report 2019. Value Creation and Capture: Implications for developing countries. United Nations Publications: New York, United States of America, 2019. Disponível em <https://unctad.org/en/PublicationsLibrary/der2019_overview_en.pdf>
WACHOWICZ, M; CANUT, L (Org). Análise da Estratégia Brasileira para Transformação Digital: Comentários ao Decreto Nº 9.319/2018. Curitiba: GEDAI/ UFPR, 2018. Disponível em <http://www.gedai.com.br/wp-content/uploads/2018/08/livro_An%C3%A1lise-da-estrat%C3%A9gia-brasileira-para-transforma%C3%A7%C3%A3o-digital.pdf>[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]
[1] A Produção do Macrossetor de Tecnologia de Informação e Comunicação em 2018 considera as TIC, TI in House e Telecom.
[2] Disponível em <https://www.bcb.gov.br/detalhenoticia/374/noticia>
[3] Decreto disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9612.htm#art14>
[4] Refere-se a consumidores mais conscientes, exigentes, informados e conectados, que interagem, sobretudo, no componente da Economia Digitalizada.
[/vc_column_text][vc_cta h2=””]Alirio Aguilar é doutorando em Ciências Econômicas pela Unicamp e analista do Ideies.
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