A combinação de inflação elevada, juros altos e maior incerteza no cenário externo pode ter limitado o crescimento da indústria capixaba nos primeiros quatro meses do ano. Além disso, questões operacionais nas industriais também contribuíram para a desaceleração da atividade.
Com reduções nas produções de petróleo, gás natural, pelotas de minério de ferro, alimentos e produtos de minerais não-metálicos, a produção industrial capixaba acumulou um recuo de 5,4% nos quatro primeiros meses do ano. Contudo, o resultado de queda não foi disseminado entre todos os setores. Impulsionada pelo aumento do consumo de produtos siderúrgicos no mercado nacional, a metalurgia expandiu 3,1% no período. Já no setor de papel e celulose, apesar da parada programada no primeiro trimestre de uma das plantas da Suzano, registrou um aumento da produção de 0,9%.
No comércio exterior, as operações da indústria ocorreram diante de um cenário de elevada incerteza, justificada pelos possíveis impactos da política comercial dos Estados Unidos e a consequente guerra comercial com a China. As exportações da indústria do estado ficaram menores no período, influenciadas pela queda nas vendas externas da metalurgia e pela redução de demanda dos EUA. As importações também contraíram, devido à redução nas compras de carros importados.
Mesmo com reduções no nível da produção e no desempenho do comércio exterior, a indústria do Espírito Santo gerou mais 5 mil novas vagas de emprego formal criadas pelo setor no primeiro quadrimestre do ano. Em termos setoriais, os destaques na geração de emprego foram as atividades da indústria de transformação e da construção. Além disso, para o mês de abril, a indústria capixaba ofereceu uma remuneração mais alta para os trabalhadores em comparação com os outros setores da economia.
A leitura das informações da inflação ao consumidor para o mês de maio, tanto da Grande Vitória e quanto do país, foi de desaceleração. Esse comportamento foi influenciado pela valorização cambial, que pressionou os bens industriais, e pela taxa de juros elevada. Ainda assim, o IPCA nacional seguiu acima do limite superior da meta para 2025. No acumulado em 12 meses, a inflação nacional ficou em 5,32%, enquanto o limite superior da meta para 2025 é de 4,5%, para uma meta central de 3,0%.
Em que pese o cenário exposto, o industrial capixaba encerrou o 1º de semestre do ano confiante. O nível de confiança do empresário industrial do Espírito Santo está sendo influenciado pela melhora das expectativas para os próximos meses em relação à economia estadual e aos seus próprios negócios.
Por fim, essa edição do Boletim da Indústria Capixaba de junho traz uma Seção Especial que aborda o perfil da geração distribuída de energia elétrica no Espírito Santo. Nos últimos anos, o estado tem registrado crescimento na quantidade de unidades de geração distribuída. Em 2016, por exemplo, haviam 380 unidades de geração distribuída, correspondendo a uma potência instalada de 0,9 megawatts (mW). Já em 2024, esse número foi de 23.407 unidades e uma potência instalada de 336,1 mW. Ainda que a geração distribuída no estado represente uma participação modesta no cenário nacional, o avanço dessa modalidade de produção de energia elétrica pelo próprio consumidor revela um movimento coerente com a tendência global de transição energética.
Clique aqui para acessar a edição do Boletim da Indústria Capixaba de junho e conferir as análises econômicas na íntegra.